Em um movimento que reacende as tensões comerciais globais, o ex-presidente Donald Trump anunciou tarifas de 145% sobre todas as importações chinesas. A medida visa conter práticas comerciais consideradas desleais, como subsídios estatais e dumping, e marca uma escalada significativa na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Como a China virou o jogo — e por que pode perder agora
Panorama Histórico: Da OMC ao confronto tarifário
A entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 foi cercada de expectativas. O país comprometeu-se a limitar subsídios agrícolas a 8,5% do valor da produção e a abrir setores como telecomunicações e serviços financeiros . No entanto, relatórios indicam que a China não cumpriu integralmente essas promessas, mantendo práticas como subsídios industriais e exigência de transferências de tecnologia .Organização Mundial do Comércioitif.org
Paralelos com o Japão nos anos 80: O Acordo Plaza e suas consequências
A atual disputa remete à guerra comercial entre EUA e Japão nos anos 1980. O Acordo Plaza de 1985 buscou desvalorizar o dólar frente ao iene, tornando os produtos japoneses menos competitivos nos EUA . Embora tenha reduzido o déficit comercial americano, o acordo contribuiu para a bolha econômica japonesa e a subsequente “década perdida” .InvestopediaInvestopedia
Evolução das táticas chinesas: Transbordo, “honey laundering” e a regra de minimis
Para contornar tarifas, empresas chinesas adotaram estratégias como o transbordo de mercadorias por países terceiros e o “honey laundering”, que envolve rotular produtos como provenientes de outros países para evitar tarifas . Além disso, a regra de minimis dos EUA permite a entrada de pacotes de até US$ 800 sem tarifas, facilitando a importação de produtos chineses em grande escala.

Perspectivas Multilaterais: A visão chinesa e os dados de exportação
Posicionamento oficial: Estratégias de overcapacity e diversificação de mercados
O Partido Comunista Chinês defende seus subsídios como essenciais para o desenvolvimento sustentável e a segurança energética . Frente às tarifas americanas, a China intensificou parcerias com países como Rússia e Arábia Saudita, buscando reduzir a dependência do mercado dos EUA.Latest news & breaking headlines
Exportações chinesas (2001-2025): Picos e quedas recentes
As exportações da China cresceram exponencialmente após 2001, atingindo US$ 3,718 trilhões em 2022. Contudo, em 2023, houve uma queda de 5,5%, totalizando US$ 3,513 trilhões . Essa desaceleração reflete os desafios enfrentados pela economia chinesa em meio às tensões comerciais.Macrotrends
Impactos e Futuro: Fábricas fechadas e cenários para os próximos anos
Casos concretos: Volkswagen em Nanjing e crise em Guangzhou
A Volkswagen anunciou o fechamento de fábricas em Nanjing e Ningbo, resultado da queda nas vendas e da sobrecapacidade produtiva . Em Guangzhou, o setor imobiliário enfrenta uma crise, com boicotes de compradores e paralisação de pagamentos de hipotecas .ReutersO GLOBO
Previsões para os próximos 5 anos: Escalada tarifária, acordos bilaterais ou recessão chinesa?
Especialistas da Brookings Institution alertam para os riscos de uma escalada tarifária, que poderia desencadear uma recessão na China e afetar a economia global . Por outro lado, acordos bilaterais seletivos podem surgir como alternativa para mitigar os impactos econômicos.
O mundo pós-Trump: livre-comércio ou guerra fria econômica?
As tarifas de 145% impostas por Trump representam um ponto de inflexão nas relações comerciais globais. A resposta da China e a reação de outros países determinarão se o mundo caminhará para uma nova era de protecionismo ou se buscará revitalizar o livre-comércio por meio de reformas e cooperação internacional.