Quando a colonoscopia revela mais do que se espera
Durante uma colonoscopia de rotina em Taiwan, um gastroenterologista fez uma descoberta inesperada — e um tanto curiosa. No intestino grosso de um paciente anestesiado, o médico Lin Xianghong encontrou o que parecia ser um pequeno cogumelo enoki, ainda intacto. A imagem do achado, compartilhada nas redes sociais pelo próprio médico, rapidamente atraiu a atenção de internautas e levantou dúvidas sobre a digestão humana e os limites do nosso sistema gastrointestinal.

O famoso cogumelo “até amanhã”
O cogumelo encontrado era um enoki (Flammulina velutipes), muito comum na culinária japonesa, coreana e chinesa, geralmente servido em sopas e pratos quentes. Por ser fino, alongado e de textura delicada, o enoki é apelidado por muitos como “cogumelo até amanhã” — uma referência bem-humorada ao fato de, muitas vezes, ele reaparecer nas fezes no dia seguinte à sua ingestão, praticamente sem alterações visuais.
No caso atendido por Lin, o cogumelo parecia ainda mais inteiro do que o esperado, levantando a suspeita de que não havia sido mastigado adequadamente. “Esse caso serve como um lembrete importante sobre a importância de mastigar bem os alimentos”, comentou o médico em sua publicação.
O que explica essa resistência?
A aparência quase intacta do cogumelo enoki no intestino do paciente pode parecer surpreendente, mas tem base científica. O Ministério da Agricultura de Taiwan explicou que os cogumelos enoki contêm polissacarídeos de quitina — um tipo de fibra presente na parede celular de fungos — que não são digeridos completamente pelo corpo humano. Esses compostos seguem até o cólon, onde podem ser fermentados pelas bactérias intestinais.
Além disso, o formato estreito e resistente do cogumelo facilita sua travessia pelo sistema digestivo, principalmente quando ingerido inteiro. No caso relatado, o enoki foi excretado naturalmente com a ajuda de medicação prescrita, sem causar maiores complicações ao paciente.
Achados que surpreendem
Embora inusitado, esse não foi o primeiro objeto alimentar curioso encontrado pelo gastroenterologista. Lin Xianghong relatou que, ao longo de sua carreira, já identificou sementes inteiras de maracujá, pitaya e melancia durante exames endoscópicos ou colonoscopias. Todos esses elementos têm em comum o fato de resistirem à digestão por conta de suas cascas duras ou estrutura rica em fibras.
Um lembrete do que comemos — e como comemos
Casos como o do cogumelo enoki reacendem a curiosidade sobre a digestão humana e também reforçam a importância de hábitos simples à mesa. Mastigar bem os alimentos não só facilita a digestão, como ajuda o organismo a aproveitar melhor os nutrientes, evita desconfortos e, como mostrou o caso taiwanês, pode impedir surpresas inesperadas durante um exame médico.
Ao final das contas, o episódio serve mais como uma anedota educativa do que um motivo de preocupação. E para os amantes de cogumelos orientais, fica o recado: aprecie com moderação — e com calma. Afinal, ninguém quer ver seu almoço reaparecendo no consultório médico, mesmo que de forma tão peculiar.