A Polícia Federal identificou um homem suspeito de divulgar tutoriais sobre terrorismo, clonagem de cartões e métodos de suicídio em um fórum da dark web. A operação foi deflagrada nesta segunda-feira (27) em Caxias do Sul (RS), como parte da investigação batizada de “Robespierre”, que contou com cumprimento de mandado de busca e apreensão. Não houve prisão até o momento.
Segundo a PF, o investigado atuava em um fórum chamado “Respostas Ocultas”, hospedado em servidores na Alemanha e administrado por oito moderadores. A plataforma é conhecida por concentrar conteúdos ilícitos e atrair usuários interessados em práticas criminosas. O suspeito teria publicado diversos materiais ilegais, entre eles um documento intitulado Manual do Terrorista, contendo instruções detalhadas para fabricação de explosivos caseiros e fraudes bancárias, além de métodos para a prática de suicídio.
O homem utilizava a rede TOR (The Onion Router), que permite navegação anônima na internet, dificultando a rastreabilidade das atividades. Esse tipo de tecnologia é comum na chamada dark web, uma parte da internet não indexada por mecanismos de busca convencionais e frequentemente usada para fins ilegais, incluindo venda de drogas, armas e dados pessoais.
A investigação teve início a partir de denúncias anônimas recebidas por meio do portal Comunica PF, canal oficial da Polícia Federal para recebimento de informações da população. A partir dessas denúncias, os agentes conseguiram mapear a atividade do usuário suspeito e identificar o endereço IP associado, com o apoio de técnicas avançadas de inteligência cibernética.
Durante a operação Robespierre, foram apreendidos computadores, mídias digitais e anotações que agora serão periciadas. O objetivo é verificar o alcance da atuação do suspeito e identificar possíveis conexões com outros membros do fórum.
De acordo com a Polícia Federal, o suspeito poderá responder por crimes previstos na Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260/2016), além de incitação ao crime e apologia ao suicídio, cujas penas podem ultrapassar dez anos de reclusão, dependendo da gravidade e repercussão dos atos.
A investigação segue em andamento. A PF informou que outras ações podem ser realizadas nas próximas semanas, inclusive fora do país, em cooperação com autoridades internacionais. O caso levanta preocupações sobre a disseminação de conteúdos perigosos na dark web e o desafio das autoridades em monitorar esses ambientes digitais altamente criptografados e descentralizados.